Hoje tem Saracura! E o destaque será a obra de Drummond!
O Saracura deste sábado, 11 de agosto, fará uma homenagem ao grande poeta Carlos Drummond de Andrade.
Carlos Drummond de Andrade, mineiro, nasceu em Itabira, em outubro de 1902. Começou sua a carreira de escritor como colaborador do Diário de Minas, que aglutinava os adeptos locais do incipiente movimento modernista mineiro.
Formou-se em farmácia em Ouro Preto e junto com outros escritores, fundou “A Revista” importante veículo de afirmação do modernismo em Minas. Ingressou no serviço público e, em 1934, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde foi chefe de gabinete, ministro da Educação, de Gustavo Capanema, até 1945. Drummond trabalho também no Patrimônio Histórico e Artístico Nacional e se aposentou em 1962.
Seu mais famoso poema: “No meio do caminho tinha uma Pedra....” foi publicado em 1928, na Revista Antropogagia, e claro, provocou muitos comentários. Mas, a obra do poeta é extensa e há muitos outros poemas conhecidos.
Drummond começou a escrever cedo e até o dia de sua morte e foi um importante ícone do modernismo brasileiro, com a instituição do verso livre, mostrando que a poesia não depende de um metro fixo e a liberdade linguística.
De acontecimentos banais, corriqueiros, gestos ou paisagens simples, o eu-lírico extrai poesia. Em muitos de seus poemas encontramos também a temática social, como a opressão marcada pela 2ª Guerra Mundial.
O amor também foi tema de sua vasta obra. Em seus primeiros livros ele era tratado com ironia, e mais tarde, ele trata o amor como sentimento maior. E em seus últimos livros encontramos com mais frequência. O amor-desejo, paixão. E após sua morte são encontrados também poemas eróticos.
A obra de Drummond é grandiosa, e para sentir, e compreende-la o melhor caminho é ler o maior número possível de seus poemas.
Além dos poemas, Drummond também escreveu crônicas e produziu livros infantis.
O Saracura acontece hoje, às 20 horas, na Secretária de Cultura!
Não perca!
Confira a programação completa do mês de Agosto aqui no Hupe: http://www.bloghupe.com.br/2012/08/confira-programacao-cultural-de.html
E claro, não podíamos finalizar o post sem publicar, um dos grandes poemas de Drummond.Eu escolhi “José” de 1942:
E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, você?
você que é sem nome,
que zomba dos outros,
você que faz versos,
que ama, protesta?
e agora, José?
Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José?
E agora, José?
Sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,
seu terno de vidro,
sua incoerência,
seu ódio - e agora?
Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais.
José, e agora?
Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse...
Mas você não morre,
você é duro, José!
Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja a galope,
você marcha, José!
José, para onde?